No Brasil, a quantidade de legislações e regulamentações acerca de obrigações tributárias instituídas pela União, Estados e Municípios há muito vem onerando as empresas. O custo anual para o setor produtivo chega a R$ 181 bilhões/ano, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT).
Além do Executivo e Legislativo, temos órgãos de fiscalização e controle no país que criam ou alteram normas fiscais e contribuem para tornar o sistema tributário brasileiro ainda mais complexo e burocrático. O IBPT calcula que há no país mais de 400 mil regras fiscais nas três esferas da federação, impondo às empresas custos altos para administrar e manter sua conformidade tributária. Para dar conta desses compromissos, as empresas gastam milhares de horas por ano, seja de seu próprio pessoal, seja com a contratação de terceiros.
Certamente exigirá ampla reforma tributária, visando a diminuição do número de tributos e a simplificação da apuração destes. Vale lembrar que cada um dos mais de 5 mil municípios do país possui suas regras fiscais mesmo no que concerne à emissão de documentos fiscais, quando o ideal seria ter regra nacional, o que vem sendo proposto por um projeto em tramitação na Câmara dos Deputados (PLP 178/2021). Este Projeto de Lei Complementar cria o Estatuto de Simplificação das Obrigações Tributárias acessórias, que visa padronizar legislações e sistemas destinados ao cumprimento de obrigações tributárias acessórias no sentido de reduzir os custos para as administrações públicas e para os contribuintes.
Sim, há mais de uma centena de formatos que são utilizados, sem falar que nem todos os municípios brasileiros dispõem de recursos e tecnologia para emissão de notas fiscais eletrônicas (NFS-e). Não fosse só o atraso tecnológico a emissão e armazenamento de documentos fiscais em papel, também significa custo para as empresas e danos para o meio ambiente, na contramão da orientação ESG da moderna economia (sigla em inglês que simboliza os esforços em prol das questões ambientais, sociais e de governança). Segundo a Associação Brasileira de Tecnologia para o Comércio e Serviços (Afrac), a padronização da NFS-e e obrigações acessórias em todo o país reduziria o Custo Brasil em R$ 115 bilhões.
Sem dúvida, a reforma tributária contribuiria para simplificar o sistema tributário brasileiro e gerar benefícios para o setor produtivo e o país, mas falta consenso em torno das propostas, como da criação de um único imposto, o IBS – Imposto sobre Bens e Serviços, que incidiria sobre bens tangíveis e intangíveis. Unificaria nove tributos 9 tributos (ICMS, ISS, IPI, IOF, PIS, Pasep, COFINS, CIDE-Combustíveis e Salário-Educação). Como exemplo, podemos citar a complexidade em torno do ICMS, que possui alíquotas e regras diferenciadas em cada Estado e acaba gerando uma série de litígios.
Enquanto não se concretizam os projetos de reforma tributária e desburocratização, as empresas precisam contar com suporte de assessoria tributária ou de profissionais especializados para manter-se no estado da arte no que concerne ao compliance fiscal e otimização da tributação. A análise rotineira da situação fiscal, das oportunidades de planejamento tributário e de organização das obrigações fiscais são medidas que visam determinar as estratégias que proporcionam a menor carga tributária possível para as atividades desenvolvidas pela empresa. O planejamento tributário visa justamente reduzir a incidência de impostos de forma estratégica, levando em conta, por exemplo, onde se situam as atividades das empresas, uma vez que há variações de carga tributária dependendo do município e Estado onde se localiza. O planejamento tributário pode decorrer de decisões judiciais, oportunidades ou lacunas da Lei, incentivos fiscais e outras práticas legais.