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Rede Hoteleira precisa equilibrar tecnologia de IA e leis trabalhistas

Rede Hoteleira precisa equilibrar tecnologia de IA e leis trabalhistas

A indústria hoteleira, como todo o setor de turismo, enfrenta um desafio contínuo: como garantir o cumprimento das leis trabalhistas enquanto atende às demandas dos clientes, especialmente durante a alta temporada? Esta questão se torna ainda mais complexa devido à natureza variável e imprevisível do segmento. No entanto, com os avanços da tecnologia e da IA (Inteligência Artificial) os hotéis estão encontrando novas maneiras de equilibrar eficiência operacional, otimização de receitas e conformidade legal.

Nos últimos anos, os empreendimentos têm adotado diversas tecnologias para aprimorar seus serviços. Sistemas integrados, aplicativos móveis, reconhecimento facial e check-ins automatizados são apenas alguns exemplos das inovações que estão transformando a experiência do cliente. No entanto, é durante a alta temporada que essas tecnologias se tornam ainda mais essenciais. A demanda por quartos aumenta exponencialmente, e os hotéis precisam ser capazes de lidar com um volume maior de consultas, reservas e solicitações de serviços.

A tecnologia também está sendo empregada para monitorar e garantir o cumprimento das leis de maneira automatizada e eficiente, mitigando os riscos trabalhistas. Sistemas de IA são capazes de analisar grandes volumes de dados, como escalas de trabalho, horas extras e intervalos intrajornada, para identificar potenciais violações das regulamentações trabalhistas. Além disso, esses sistemas podem alertar os gerentes sobre possíveis problemas antes que eles ocorram, permitindo a tomada de medidas corretivas de modo preventivo.

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Segundo a advogada trabalhista Agatha Marquezini, sócia da LBCA (Lee, Brock, Camargo Advogados), pós-graduada em Direito Público e Novo Direito e Processo do Trabalho, uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos hotéis durante a alta temporada é prever com precisão a demanda por serviços.

“A Inteligência Artificial está revolucionando a maneira como os hotéis operam e potencializam suas receitas. Algoritmos de IA auxiliam o profissional de revenue management ao analisar dados históricos de reservas e prever padrões de demanda, permitindo que os empreendimentos otimizem sua precificação e a disponibilidade de apartamentos. Isso não apenas aumenta a receita, mas também melhora a eficiência operacional. Com base nessas previsões, os hotéis podem ajustar suas escalas de trabalho de forma inteligente, realizar contratação de mão de obra extra, garantindo que tenham a quantidade adequada de funcionários no momento certo”, comenta Agatha.

“Além disso, chatbots baseados em IA estão se tornando cada vez mais comuns na hotelaria. Esses assistentes virtuais podem lidar com uma variedade de consultas dos hóspedes, desde informações sobre o hotel, pedidos do room service e até serviço de concierge. Isso não só agiliza o atendimento ao cliente, mas também permite que o staff se concentre em tarefas que exigem intervenção humana”, complementa a advogada.

Humano x tecnologia

Outra quebra de paradigma, é compreender que os funcionários não serão substituídos por tecnologia de forma injusta. Embora a automação ajude a simplificar certas tarefas, é importante reconhecer o valor do trabalho humano na indústria hoteleira. As equipes desempenham um papel crucial na prestação de serviços personalizados e na criação de experiências memoráveis para os hóspedes, algo que a tecnologia sozinha ainda não pode replicar. A automação de tarefas rotineiras e burocráticas permite que os funcionários se dediquem em atividades de maior valor agregado, o que leva a uma maior satisfação no trabalho e a uma experiência mais positiva para os clientes.

“A terceirização de certas funções, como segurança e limpeza, recreação e serviços de alimentos e bebidas, é comum no setor de turismo. No entanto, isso apresenta desafios adicionais em termos de garantir o cumprimento das leis trabalhistas por parte dos prestadores de serviços terceirizados. A tecnologia está sendo usada para monitorar o desempenho e o cumprimento contratual dessas empresas de forma mais eficaz. Por exemplo, sistemas de IA pética

odem analisar dados de performance, como qualidade do serviço e satisfação do cliente, para avaliar a atuação dos fornecedores. Além disso, esses sistemas podem detectar automaticamente qualquer violação das regulamentações trabalhistas, como pagamento inadequado de salários ou horas extras não remuneradas”, avalia Agatha.

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As empresas estão cada vez mais engajadas para que os sistemas de IA sejam projetados e implementados de forma a respeitar os direitos e a dignidade dos trabalhadores. “Isso inclui garantir que os dados dos funcionários sejam protegidos e que a tecnologia não seja usada para monitorar ou controlar excessivamente sua atividade, em conformidade com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados)”, ressalta a profissional.

A tecnologia e a IA estão desempenhando um papel cada vez mais importante na gestão das questões trabalhistas na indústria hoteleira. Ao automatizar processos de monitoramento, prevendo a demanda com maior precisão e gerenciando melhor os fornecedores terceirizados, os hotéis podem garantir o cumprimento das leis enquanto mantêm altos padrões de serviço. “No entanto, é crucial que as empresas estejam atentas às discussões e implicações jurídicas para que essas tecnologias sejam implementadas de forma ética e responsável, permitindo que a otimização não entre em conflito com os direitos e o bem-estar dos trabalhadores, priorizando o ganho operacional e o aumento da rentabilidade”, finaliza.

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