O ano passado foi positivo para o mercado imobiliário que apresentou desempenho expressivo, com recorde de lançamentos e vendas. Neste ano, o aumento da inflação e da alta de juros podem causar retração no mercado de imóveis?
1. Qual o balanço do setor imobiliário em 2021?
Altamente positivo. Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção foram comercializadas 188 mil unidades no Brasil, de janeiro a outubro de 2021, registrando aumento de 22,5% acima do mesmo período de 2020. Igualmente, o Sindicato da Habitação de São Paulo apontou a comercialização de 50 mil unidades, de janeiro a setembro de 2021, o dobro de 2020. É o maior PIB da construção civil desde 2014.
2. Qual o impacto do aumento da taxa Selic?
Encarecerá o financiamento imobiliário este ano, sendo que há expectativa que ocorram ainda mais elevações longo de 2022, porque o aumento da taxa básica de juros, a Selic, é uma medida costumeiramente utilizada pelo Banco Central (Comitê de Política Monetária) para controlar a inflação que, no ano passado, chegou a dois dígitos (10,42%).
Para este ano, o mercado projeta um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acima de 5%, superando a meta oficial, que tornará ainda mais caro financiar, porque impacta no crédito imobiliário.
3. Como deve se comportar o mercado imobiliário?
Provavelmente, não teremos um cenário tão positivo quanto em 2021, que apresentou um crescimento do setor de construção civil movido por uma série de medidas dentro da crise pandêmica que facilitaram o financiamento imobiliário, com novas linhas de crédito a juros reduzidos e possibilidade de pausar parcelas, tornando o financiamento mais atrativo para quem queria adquirir um imóvel.
Mas deve continuar sendo de crescimento, embora as incorporadoras se preocupem com o aumento da tributação sobre materiais e insumos, como materiais elétricos, cimento, cerâmica etc. Porém, o efeito desse aumento terá impacto relativo sobre o lançamento de novas unidades, devendo ser mantida a continuidade de um momento favorável para o mercado imobiliário este ano.
4. A pandemia da covid-19 ressignificou o imóvel?
Sim, e este fator foi mais um ponto positivo para o crescimento do mercado imobiliário. As incorporadoras avaliam que a pandemia da Covid-19 trouxe uma nova significação para o imóvel e aumentou a demanda por mais qualidade de vida para a família, porque todos passam mais tempo em casa, trabalham em casa, estudam em casa e precisam de mais espaço e área de lazer, comportando até a preocupação pela aquisição de um novo imóvel residencial.