A Lee, Brock, Camargo Advogados foi uma das três bancas escolhidas pela Uber para apresentar seu Programa de D&I entre 44 escritórios convidados. A exposição foi realizada pelo sócio fundador, Solano de Camargo, durante o evento “Caminho da Diversidade e da Inclusão no Mundo Jurídico”, realizado no dia 3 de dezembro, no Instituto Tomie Ohtake. Também estiveram presentes durante a apresentação os sócios fundadores da LBCA, Yun Ki Lee e Eduardo Brock.
“Ao longo do tempo, a LBCA sempre buscou participar e apoiar entidades que pudessem alertar sobre iniciativas importantes para fomentar e contemplar a diversidade e a inclusão de maneira perene. Uma delas foi nos associarmos ao lançamento dos Padrões de Conduta para empresas da ONU, voltados a combater a discriminação contra pessoas LGBTI+ no ambiente corporativo, como parte da campanha Livres & Iguais”, afirmou Solano.
Segundo ele, a meta da LBCA é envolver toda a equipe no programa da D&I. Solano explicou que a administração do escritório é dividida em comitês e um deles é voltado à igualdade de oportunidades, com o qual os três fundadores – Yun Ki Lee, Eduardo Brock e Solano de Camargo – estão diretamente envolvidos. “É formado por membros eleitos, possibilitando que todos os sócios participarem. É presidido pela sócia Taís Carmona e implementa políticas e ações muito importantes para nosso desenvolvimento, além de ter foro decisório”, disse.
Na exposição, Solano destacou o trabalho da banca no sentido de ressaltar a importância da diversidade no relacionamento com fornecedores, terceiros, advogados correspondentes e clientes. “Por iniciativa do sócio fundador, Eduardo Brock, que redigiu as cláusulas de compromisso com a diversidade, inserimos essas cláusulas em todos os nossos contratos. Inicialmente, no acordo de cotistas do escritório, sendo que todos os líderes de áreas e de comitês assumem a obrigação de representar nas suas equipes o programa de D&I. As cláusulas foram inseridas também nos contratos com escritórios correspondentes, parceiros de negócios e com clientes”.
De acordo com Solano, um marco no programa de D&I da LBCA foi a contratação do primeiro advogado transgênero. “Foi difícil para o RH encontrar candidatos para seleção e recrutamento. Fomos às comunidades LGBTI+ nas redes sociais e, no começo, os possíveis candidatos tinham o temor de participar do processo seletivo e não serem contratados. Conseguimos contratar o Alexandre, advogado trans e ativista, que afirmou em entrevista à imprensa que sua adaptação na LBCA ‘foi natural’ e é isso que a gente busca. Nossa meta agora é ter um sócio trans, líder de área no curto prazo”.
Sobre a questão de gênero, Solano observou que a LBCA é um escritório feminino desde o começo, com percentual maior de mulheres entre sócios e na área administrativa. Ele chamou a atenção para a iniciativa “Papo de Mulher”, um espaço de fala, onde são discutidas questões de gênero voltadas ao universo profissional e onde surgem propostas espontâneas, como a Sala da Mamãe, voltada às sócias e colaboradoras que estejam amamentando.
Solano de Camargo também tratou da questão étnico-racial, apontando que a LBCA sempre optou por buscar talentos afrodescendentes no mercado, seja para postos de sócio, advogado, especialista e outros. Quanto a Pessoas com Deficiência, ponderou que a ideia da banca não é meramente cumprir a obrigação legal, mas integrar os PcDs em todas as áreas do escritório.
“Refugiados é um tema caro para a LBCA, pois o pai de um dos fundadores do escritório – Yun Ki Lee – conseguiu cruzar a fronteira da Coreia do Norte logo após a guerra, e eu trabalho com direito internacional privado”, comentou. Solano pontuou a parceria com Universidades de Roraima para que o escritório patrocine causas que envolvam questões jurídicas de refugiados e que a LBCA tem acolhido muitos deles na equipe, do Haiti (desde o terremoto de 2010) e da Venezuela. Solano também comentou que a LBCA tem um canal interno de compliance, gerido pelo sócio Ricardo Rezende, que foi diretor jurídico do grupo Philips por um longo período e tem muita experiência em implantação de D&I na Holanda.
Por fim, Solano citou as sete metas do programa de D&I da LBCA: ampliar o programa interno de boas práticas voltas às políticas de diversidade, ampliar a parceria com entidades afins, buscar novos talentos, respeitando suas diferenças, criar um ambiente de trabalho mais colaborativo e inovador, gerar impacto social e ações de inclusão de grupos em situação de vulnerabilidade, caso dos colaboradores com HIV positivo. Entre as ações para 2020, citou a criação de um Observatório de Inclusão Profissional para monitorar se o programa de D&I está funcionando, se está conseguindo preencher as vagas, se as pessoas estão subindo de posição e dar divulgação sobre os resultados.
No encerramento do evento, a UBER apresentou os dados de uma pesquisa realizada com 29 escritórios de advocacia, pela qual 62,1% declararam que possuem programas de D&I formalmente instituídos, que a diversidade é preocupação recente, já que em 27,8% responderam que os programas têm um ano ou menos e que 77,8% possuem orçamento próprio para os programas, entre outros dados. A diretor jurídica da Uber para o Brasil e Cone Sul, Ana Pellegrini, disse que a empresa irá, a partir de janeiro do próximo ano, divulgar sua política de D&I e que irá incluir cláusula de compromisso em todos os contratos que celebrar e até rescindir contratos dos parceiros com posturas discriminatórias ou ofensivas a direitos de grupos minorizados.