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Uma nova ética para o Brasil

A ética continua a ser um tema relevante para o Brasil. Estamos inseridos na maior crise moral da história, com escândalos éticos sem precedentes e, pior , os episódios parecem não ter fim. Portanto, acredito ser pertinente começarmos a refletir sobre a nossa grave crise político-econômica, que confronta a moral dos homens públicos e a nossa, particularmente, em nosso dia a dia.

Sem entrar no mérito filosófico do tema, a ética possui diversas linhas doutrinárias, originárias em diferentes fases da humanidade, cada qual com suas características próprias. Não há uma doutrina/escola, que seja certa ou errada.

Basicamente, os sul-americanos estão inseridos em um contexto histórico, no qual prevalece uma cultura envolvida pela escola ética “finalista”, que tem algumas características próprias. Adota como princípio de sua vida o oportunismo – no bom sentido – para atingir seus objetivos. O brasileiro, geralmente, é uma pessoa criativa, porém, de maneira geral não se preocupa com a sociedade e acaba adotando um pensamento egoísta, claro que com as devidas ressalvas e exceções, priorizando apenas o seu bem-estar.

Temos solução para tudo, resolvemos nossos problemas de maneira rápida, mesmo que isso afete as pessoas que estiverem ao nosso redor. O exemplo rotineiro é dos pais que levam os filhos à escola. Sem maior reflexão, os pais param os veículos em fila dupla, em frente à escola, aguardando os filhos no horário de saída. São indiferentes ao fato que atrapalham o trânsito de dezenas, centenas de pessoas que transitam pelo local e parecem indiferentes a possíveis multas. Será que essa atitude é proposital?

Talvez, mas o fato é que essa postura está enraizada em nossa cultura, por várias gerações, passando pela educação de pai para filho. De maneira geral, em uma sociedade europeia com origem anglo-saxônica, isso seria inconcebível. Ou seja, jamais passaria pela cabeça de um cidadão obter essa vantagem sobre os demais, somente para ganhar tempo ou por comodidade.

Fábio Rivelli é advogado, diretor da área de Consumer Claims do escritório Lee, Brock, Camargo Advogados; especialista em gestão de contencioso de volume e cursa MBA Executivo no Insper
Fábio Rivelli é advogado, diretor da área de Consumer Claims do escritório Lee, Brock, Camargo Advogados; especialista em gestão de contencioso de volume e cursa MBA Executivo no Insper

Ele pensaria na sociedade, não faria com os outros o que não gostaria que fizessem com ele. Esse princípio “enraizado” no coração do cidadão europeu, norteia sua linha ética. Isso veio de sua criação, está no seu coração – verdadeiramente condicionado.

Alguns historiadores afirmam que as mudanças dos conceitos de uma sociedade levam em média um século para ocorrer, o movimento social precisa ser amadurado e levado de geração em geração para se tornar parte da cultura de uma nação. Talvez isso esteja embrionariamente acontecendo no Brasil.

Um dos problemas de nossa sociedade é que ela não assume que faz parte dessa escola ética – e fica no limbo. Tudo é levado sempre na terceira pessoa. Isso é fácil perceber nos comentários afirmando que somos isso ou aquilo, mas jamais assumimos que fazemos parte dessa cultura. Agora, porém, estamos notando atitudes semelhantes diariamente nos noticiários, o que pode expor nossa realidade e propiciar uma mudança.

Trazendo para o mundo empresarial, que não é muito diferente de nossa rotina particular, temos o reflexo dessa mentalidade ao longo dos anos, principalmente no gostinho de se assumir um certo risco, tem-se o sentimento da impunidade e que as ações do empresário sul-americano são envolvidas por aquele “jeitinho brasileiro” de levar vantagem.

Porém, devemos refletir e aproveitar esta oportunidade para mudar. O brasileiro ficou diante do mercado global, com empresas vinculadas aos mercados externos, que são dependentes uns aos outros, buscando sua sobrevivência em parcerias. Passamos do amadorismo, das táticas frágeis para atingir objetivos a curto prazo, para o aprimoramento das atividades e ações empresariais. Estamos saindo do amadorismo e agora vamos amadurecer. Se a corrupção e a má gestão não são admitidas nas empresas estrangeiras, não devem sê-lo nas nacionais. Volto a dizer: um embrião pode ter se instalado e as próximas gerações poderão mudar. É uma oportunidade importante.

A ética do empresário está ligada à preocupação de sua imagem e isso pode gerar maior responsabilidade e amadurecimento no caminho das boas práticas – princípios basilares morais – como formação básica do indivíduo, desde sua criação como cidadão. Dessa forma, esse é momento para refletirmos sobre o assunto, pesquisar e definitivamente adotar uma das escolas éticas para nossas vidas, mudando definitivamente o posicionamento de nossa sociedade.

Essa mudança começa por nós. Precisamos assumir nossa posição, seja ela qual for, e iniciar uma verdadeira mudança de cultura em nosso país. Isso servirá não somente para o mundo empresarial, mas para as nossas vidas. Sem querer ser redundante, vamos mudar os conceitos e formar uma nova ética em nosso País!

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